quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Decoração com a sua cara

É gratificante conhecermos o trabalho de um arquiteto ou decorador que tenha conseguido espelhar nos móveis, cores ou tecidos a identidade de quem ali mora. Nessas horas, é inevitável o questionamento: como esses profissionais, que na maioria das vezes nem conhecem a fundo seus clientes, conseguem desvendar estilos, talvez alheios ao próprio morador? Confira como é possível na visão dos gabaritados Gustavo Calazans, Francisco Calio e Toninho Noronha afim de desvendar os caminhos para encontrar o profissional ideal para as suas necessidades.

O apê do amigo


Nada mais difícil do que fazer um projeto para um grande amigo, quando há total intimidade para discussões. Foi o que aconteceu com o arquiteto Gustavo Calazans e o cirurgião dentista Sérgio Funari, amigos há 13 anos. No final, ambos foram saciados: Gustavo por sua demanda criativa, e Sérgio por seu terraço, “que vem com um apartamento junto”, como ele costuma dizer.


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Relação

Muitas vezes, o morador resiste à ideia de que o profissional saiba mais do que ele sobre o que ficará bom ou não em sua casa, como aconteceu com Sérgio: “Fiquei obsessivo e ansioso. Achei que estivesse perdendo a autoria do projeto, mas depois me acalmei, constatei que o apartamento era para mim, e não para ele”, conta.

O que foi feito: Com a notícia de que o pilar que segmentava o living poderia ser demolido, a sala de jantar, antes prevista ao lado da cozinha, foi deslocada para debaixo da laje, próxima ao terraço. Escritório e cozinha foram abertos, permitindo a circulação livre entre os cômodos, nivelados por meio da fórmica cor chumbo, feita sob encomenda


Para chegar lá, por Gustavo Calazans

- Não existe mau gosto, e sim falta de repertório. Cabe ao profissional mostrar coisas legais aos clientes.
- Eu nunca teria uma grande ideia se não fosse o cliente me apresentar um problema. A solução vem dessa interação.
- Acho fundamental a honestidade na relação. Nunca forço o outro a fazer o que não quer, a gastar com o que não quer.

Projeto, Gustavo Calazans; coifa, Tuboar; marcenaria, Marcenaria Airlane; piso laminado, Uniplac; iluminação, Reka; móveis, Arquivo Vivo; mesa de jantar, Cecilia Dale; deck e estante em cruzetas, O Velhão; empreiteira, MTR; tapetes, Clatt; obra sobre o sofá, Luiz Paulo Baravelli.

Cliente inusitado

Ao ser convidado para decorar a casa de um empresário, na faixa dos 50 anos, o designer de interiores Francisco Calio não imaginava que seu trabalho despertaria o interesse da mãe do morador, Olga, de 76 anos. “No início fiquei surpreso, pois é um convite inusitado, mas depois vi que ela é uma mulher à frente do seu tempo, que gosta de estar ligada em tudo que é atual”, recorda-se Calio. Conhecido por seus trabalhos ousados, o designer diz não ter se contido em função da idade da moradora.


Relação

No metiê, existe uma máxima que diz: todo arquiteto é um pouco psicólogo. No caso do designer de interiores e psicólogo Francisco Calio, a frase é a pura verdade. “Foi a minha primeira faculdade e que me ajuda até hoje”, coloca ele, que costuma fazer perguntas específicas a fim de levantar as preferências e a história dos moradores para trazê-las à decoração.

O que foi feito: Com a demolição das paredes e nivelamento do piso, foram integrados living, varanda e sala de jantar. No estar, o tapete de grande proporção interligou os espaços, permeados por peças consagradas de design, somadas a móveis antigos, reutilizados sob nova roupagem.




Para chegar lá, por Francisco Calio

- Tento descobrir qual o estilo da pessoa. Não só o de vida, mas o estilo de mobiliário de que ela gosta.
- Para fazer um projeto bacana, tem que saber quem frequenta o espaço e como se dá o uso dos ambientes.
- A cor é outra questão muito pessoal. Não posso incluir um tom que não agrade ao morador.

Projeto, Francisco Calio; estofado preto, A Lot Of; estofados bege, Artefacto; poltrona UP e mesa de centro branca, Atrium; tapete, Bellouchi; persianas e xales, Vitrine by Casa Fortaleza; luminárias e abajures, Dominici; mármores, Glass&Cia.; home, poltronas e fotografia, Micasa; acessórios, Mini Loft; gravura de Beatriz Milhazes, Thomaz Saavedra.

Identificação de estilos

A estudante Maiara conheceu o trabalho de Toninho Noronha na mostra Casa Cor de 2000. Passados dois anos, ela convenceu a mãe, a empresária Eliana de Lima e Silva, a contratar o arquiteto para projetar o quarto da adolescente. Diante das divergências com o profissional anterior responsável pela reforma do apartamento ainda em construção, Eliana acabou chamando o arquiteto para reformular todo o imóvel. “Expliquei à secretária que gostaria que o Toninho colocasse tudo abaixo, pois não havia gostado de nada. Ele, muito solícito, veio pessoalmente ao apartamento”, lembra a empresária.

Relação

Clientes que se tornam amigos e vice-versa. Isso é muito comum no universo da decoração, uma vez que conhecer a vida alheia é imprescindível para o sucesso do trabalho. “A gente acaba entrando na relação da família e, às vezes, tem que fazer o papel de mediador para agradar a todos os moradores”, afirma o profissional.Não raro, o caminho desta relação cliente-arquiteto evolui para uma forte amizade, como aconteceu entre os dois. “O Toninho faz parte da nossa vida social”, diz Eliana, atualmente, na terceira parceria com o arquiteto, que, graças à indicação da empresária, assumiu obras de amigos da família. “Agora aonde eu vou, ele vai”, complementa a moradora, que admite não levar nada para casa sem o aval do profissional.

O que foi feito: Para atender às necessidades de uma boa anfitriã, Toninho Noronha propôs espaços integrados, ambientando móveis versáteis, confortáveis e sofisticados. Na sala de jantar, o arquiteto desenhou uma generosa mesa para oito lugares e investiu no visual da varanda, para que se tornasse uma extensão da sala.

Para chegar lá, por Toninho Noronha

- Busco saber se a pessoa gosta de algum estilo específico. Caso não, crio uma proposta para o projeto.
- Uma das questões mais importantes a ser levantada é ouso que os moradores fazem ou farão da casa.
- Por fim, pergunto se há uma cor de preferência. Se não houver, eu mesmo sugiro.

Projeto, Toninho Noronha; mesa de jantar desenhada por Toninho e executada pela Dpot; cadeiras e poltrona Ball Chair, de Eero Aarnio, e sofá da Flexform, Montenapoleone; quadro laranja, Marcus Vinicius; mesas de centro da Living Divana e poltrona vinho da B&B, Atrium; tapetes de lã, Cor e Forma; pendente em tecido de Bruno Munari, Dominici; pufe prateado da Baleri, Conceito: firmacasa; mesa lateral redonda, Interni; cortinas Luxaflex, DMS Persianas; poltronas e mesa da área externa, Casual Móveis.

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