O número de pessoas que moram sozinhas, como no Rio por exemplo, aumentou consideravelmente na última década, segundo censo do IBGE – passou de 11,2% para 15,6%. Só que na hora de fechar o negócio, o gênero feminino é mais objetivo do que o masculino, dizem especialistas. Enquanto os homens são guiados pelo lado racional e costumam demorar para tomar uma decisão, a mulher, conduzida pelo emocional, ao sentir amor à primeira vista pelo imóvel, o agarra logo com todas as forças.
De acordo com o corretor Henrique Besdin, especializdo na área da Zona Sul, a maior parte dos homens que procuram um apartamento para morar sozinho é desquitada e tem mais de 40 anos. Além disso, busca opções de dois quartos, para que um seja transformado em escritório ou sala de TV. Esses potenciais compradores são mais práticos, mas, por terem a tendência de colocar tudo na balança, de forma racional, costumam demorar para fechar o negócio.
“Eles, em geral, não têm paciência para visitar muitos apartamentos. Isso poupa tempo. Por outro lado, quando encontram algum que corresponda às suas necessidades e desejos, demoram para se decidir, pois precisam pesar o lado financeiro entre outras questões lógicas, como as ligações de transportes e a proximidade de equipamentos públicos. E muitas vezes, nesse tempo, eles acabam perdendo o apartamento”, explica Besdin.
Foi o caso do biólogo Rogério Nóbrega. O objetivo era encontrar uma moradia de dois quartos por até R$ 400 mil em Laranjeiras. Depois de dois meses de procura, achou um charmoso apê no alto de uma ladeira, com a tipologia que queria e por um preço um pouco menor, R$ 380 mil. O problema é que o curitibano pediu um tempo ao corretor para consultar amigos e ter a certeza de que valia a pena assumir este compromisso. Depois de uma semana, enquanto ainda refletia, acabou perdendo o imóvel para a publicitária Ana Maria Quintela, que, na dança das cadeiras, foi muito mais rápida.
“Eu nem cheguei a procurar outros imóveis, mas quis colocar tudo no papel, pois o acesso ao prédio não era tão fácil e eu não tenho carro. Como era a minha primeira compra, imaginava que o apê ficasse ali, à espera da minha decisão”, confessa o biólogo, que está, temporariamente, na casa dos pais.
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Ana Maria, baiana e residente no Rio há pouco mais de dois anos, morava de aluguel. No meio deste ano, começou a procurar um apartamento para comprar. Ela visitou cinco imóveis em três semanas. Mas, quando avistou , o jardim de inverno que havia no fundo daquele imóvel de Laranjeiras, não titubeou e apertou a mão do corretor:
“O apartamento era a minha cara. Disse logo que o queria! Mas, antes de fechar o negócio, mandei algumas fotos para uma prima, só para ter a certeza”, lembra entusiasmada, sem dar muita atenção ao lado pouco prático de chegar até o imóvel. “Eu já tenho um taxista para me levar em casa. A corrida custa uns R$ 8 da esquina da rua até o meu prédio.”
A publicitária afirma que foi bastante racional em sua escolha, pois observou cada detalhe do imóvel. Segundo Frederico Judice, da imobiliária Judice & Araújo, de fato, as mulheres são mais detalhistas do que os homens. Mas se sentirem uma forte atração pelo prédio, por exemplo, já é um indício de que o imóvel tem grandes chances de ganhar a cliente.
“Elas são até mais exigentes do que os homens. Pois levam em conta a energia do lugar, o clima, a vizinhança. São mais subjetivas em suas escolhas”, explica.
Pode parecer que a mulher se apaixona mais facilmente por um imóvel, sem pesar prós e contras. Mas, segundo os especialistas, elas são bem mais exigentes em suas escolhas, no que diz respeito à estrutura do bem. Enquanto os homens, apesar de serem mais racionais e pesarem a parte financeira, acabam por perder ótimas oportunidades.
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