História do café
A história do café é marcada por interessantes acasos e coincidências.
Sua origem é estimada em cerca de mil anos e está associada aos árabes, que primeiro cultivaram a fruta. A região de Kafa, no Oriente Médio, parece ser o berço do café, tendo inclusive emprestado seu nome à bebida.
Mas interessante mesmo são os primeiros registros acerca do café, nos quais podemos perceber como a observação dos animais inspira nosso cotidiano.
Tudo começou na Etiópia, quando um pastor percebeu que suas cabritas gostavam de comer certo fruto pequenino, vermelho e arredondado. Estas mesmas cabritas se mostravam mais espertas e resistentes depois de comê-lo.
Quando o pastor resolveu experimentar as frutas (esmagou-as com manteiga e fez uma pasta), conheceu os efeitos estimulantes do café. A versão bebida, porém, vem dos árabes.
Isto foi no século XV. Com o passar do tempo, o café seria não só saboreado, como estudado em seus efeitos estimulantes e revigorantes.
Através do comércio dos árabes com os europeus, o consumo do café foi se ampliando e, com as grandes navegações, chegou às Américas Central e do Sul.
Do cafezal à nossa mesa
O futuro do café é ser reduzido a pó. Nada mau para uma bebida tão apreciada! Desde seus tempos de frutinha vermelha, com aspecto de cereja, até ser torrado, moído e bebido, o café passa por várias peripécias.
Para ser um bom café, primeiro é necessário um bom clima: temperado. O relevo, se for montanhoso, é mais propício. Depois de plantado, esperam-se dois ou três anos para que o pé de café dê os frutos, que são colhidos geralmente nos meses de abril a junho.
A maneira de colher varia: há a colheita mecânica, também chamada colheita forçada, ou a manual, que pode ser do tipo derriça, com pano (catado), ou por varrição.
Então, os grãos são secos. Se a produção é pequena, isto pode ser feito em terreiro. Para grandes quantidades, utiliza-se um secador.
A próxima etapa é a retirada de cascas e impurezas. Depois, o café cru é classificado de acordo com o tipo de peneiras por onde passa. Depois desta classificação, o café é comercializado em sacas de 60 quilos.
O café que compramos costuma ser uma mistura de grãos, chamada de blend, que resulta no sabor que cada produto oferece. Feito o blend, ele é torrado a mais de 250oC. De acordo com a intensidade da torra, os grãos ganham aparência clara, média ou escura; perdem 20% do peso e dobram de tamanho.
A próxima etapa é a moagem, para então o café ser empacotado e levado ao consumidor.
O que é que o café tem
A composição química do café inclui, além da famosa cafeína, outras substâncias cujos efeitos foram temas de inúmeras pesquisas.
Você já ouviu falar das lactonas? Pois é, todo mundo fala do efeito estimulante da cafeína, mas, na composição do café, as lactonas possuem um efeito estimulante sobre o sistema nervoso central que é tão ou mais significativo do que o da cafeína.
Outros componentes são a celulose, que estimula os intestinos; os minerais, importantes para o metabolismo; os açúcares e o tanino, que contribuem para o sabor; e os lipídeos, que dão aquele aroma especial.
Bom para a cabeça
Segundo o professor Darcy Roberto de Lima, que escreveu vários estudos sobe o café, quatro xícaras da bebida por dia, regularmente, podem aumentar a capacidade de atenção, concentração e de formação de memória em adultos e crianças. Além disso, tomar café diminui a incidência de apatia, desânimo e depressão.
Já o uso sem regularidade aumentaria a atenção apenas por um determinado período. Por isto, o professor recomenda um uso diário e moderado - bem mais eficiente do que uma eventual superdose, típica das vésperas de prova!
Para desfrutar dos efeitos benéficos para o aprendizado, recomenda-se beber o café pela manhã, na primeira hora após acordar. Com leite, os efeitos são os mesmos; o valor nutritivo é que aumenta. Por isto, café com leite é uma boa opção para crianças e adolescentes.
Ainda de acordo com o professor, o café atuaria sobre as áreas do cérebro que induzem ao desejo de superação, fazendo com que o humor fique mais bem equilibrado e evitando os sentimentos de depressão e de necessidade de consumir estimulantes. Por isso, ele assegura que jovens com o perfil de potenciais consumidores de drogas (problemáticos e agressivos) podem se beneficiar dos efeitos preventivos do café em relação aos tóxicos.
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Na dose certa
Tudo bem, você achou ótimos os efeitos do café e tudo mais que você pode fazer com ele (já descobriu as receitas?). Mas não abuse: veja as doses máximas diárias recomendadas para cada idade.
De 6 a 10 anos: 3 xícaras por dia.
De 10 a 20 anos: 6 xícaras por dia.
De 20 a 60 anos: 9 xícaras por dia.
Acima de 60 anos: 6 xícaras por dia.
De 10 a 20 anos: 6 xícaras por dia.
De 20 a 60 anos: 9 xícaras por dia.
Acima de 60 anos: 6 xícaras por dia.
Dicas e curiosidade
Para preparar seu cafezinho, não se esqueça destas dicas quentes:
Evite a água da torneira para o preparo do café. O excesso de cloro na água pode alterar o sabor, por isto prefira água filtrada ou mineral;
O pó não deve ser reaproveitado.
Não recircule a bebida, isto a deixa amarga.
Quando for utilizar pela primeira vez um coador de pano, ferva-o em água misturada com café, para tirar o cheiro do tecido.
Consuma o café logo que for feito, pois ele começa a perder suas características 15 minutos depois de pronto. Se não vai beber muito, faça um pouquinho de cada vez.
Antes de servir o café, agite-o levemente para uniformizar a mistura.
O café já ficou pronto? Agora veja para que mais serve o pó e a borra de café!
Para clarear e limpar a pia e o chão de cozinha, utilize a borra do café.
O pó de café, colocado num copinho dentro da geladeira, ajuda a eliminar os maus cheiros;
Um bom adubo: borra do café em vasos de flores e plantas;
Lendas do café
Café forte
Dizem que o café foi criado pelo arcanjo Gabriel, que quis oferecer ao profeta Maomé uma bebida que o revigorasse. Parece que o efeito foi bom mesmo: Maomé bebeu o café e tornou-se capaz de derrubar quarenta cavaleiros e conquistar quarenta mulheres. A lenda só não diz quanto o profeta teve que beber para conseguir a façanha!
Café santo
Quando o café chegou à Itália, no século XVII, foi boicotado por alguns cristãos fanáticos, que achavam que o produto era uma "invenção de Satanás". Só que, quando o Papa experimentou, gostou tanto que resolveu abençoar o café para vencer Satanás - e tornar o café a bebida cristã.
Café com música
Na Alemanha, o café era servido com música. O casamento das duas paixões alemãs é a "Cantata ao Café", composta por Johann Sebastian Bach para ser tocada nos estabelecimentos onde a bebida era servida - as Kaffehaus.
Café misterioso
Os turcos conheciam bem o café e foram um dos povos a levá-lo à Europa. Ocuparam Viena, mas tiveram que abandonar a cidade quando chegaram as tropas libertadoras. Foi o maior alvoroço e, na pressa, deixaram várias sacas de um produto misterioso. O que seria? Um homem que já havia vivido no Oriente reconheceu ali o café e aproveitou para vendê-lo, com açúcar e chantilly. Este é o famoso café vienense.
Café brasileiro
O café chegou ao Brasil no século XVIII, envolto em lendas e romance. A fruta, que já era plantada na Guiana Francesa, estava proibida aos portugueses. O sargento-mór Francisco de Melo Palheta foi designado para trazê-la e, conta-se, só teria conseguido porque a esposa do governador da Guiana, apaixonada por Palheta, o teria presenteado com sementes do "ouro negro". Não se pode ter certeza sobre a paixão da primeira-dama, mas seu papel foi fundamental no contrabando das sementes proibidas.
Café brasileiro II
O café foi o produto que veio a substituir a exploração do ouro e da cana-de-açúcar na era pós colonial, acompanhando assim o desenrolar da economia da época. Espalhou-se pela Região Sudeste, em que o clima era bastante propício, e por conta disto surgiram e se desenvolveram importantes cidades. Junto com o desenvolvimento, porém, trouxe o desmatamento. Nossa Mata Atlântica foi dizimada. A Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, é a maior floresta urbana do mundo, mas não sobraria muita coisa para contar a história se não fosse pelo processo de reflorestamento, que recuperou a mata devastada pelas plantações.
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