quarta-feira, 13 de março de 2013

Casos de superstição explícita antes da compra ou até mesmo do aluguel de um imóvel


Objetos deixam a casa mais protegida (Foto: Divulgação)
Objetos deixam a casa mais protegida (Foto: Divulgação)
Quem está em busca de um imóvel, seja para comprar ou alugar, sabe que o negócio, quando fechado, é uma espécie de divisor de águas. Pois há gente que, diante dessa nova fase da vida, recorre à numerologia, consulta gurus espirituais e faz até promessa. Todos os esforços são válidos, segundo a médica que desfez uma compra ao constatar que o número do imóvel era sinônimo de mau presságio ou o arquiteto que só fechou o negócio depois de checar a fase da lua. O importante, dizem eles, é atrair boa sorte e afastar o olho gordo.
Há quem acredite que a simples soma do número da casa ou do apartamento pode dar pistas sobre a energia que paira sobre o lugar. Depois de fechar o negócio – a compra de um imóvel de número 509 -, a médica Adriana Borges se deparou com a má sorte imposta pelo resultado da combinação dos números. O jeito foi recorrer ao corretor Leonardo Vaisman, para trocar a unidade.
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“Não me surpreendo mais com nada: já deixei de vender um imóvel para uma senhora porque a vizinha de frente tinha um gato preto”, diz o corretor.
E se os indianos costumam consultar os astros antes de comprar um imóvel ou fechar um negócio, o brasileiro Antônio Luiz Messeder recorre às fases da lua. Em busca de um inquilino para a sua sala comercial, o arquiteto e urbanista pediu ao corretor que retirasse o imóvel da carteira de vendas da imobiliária durante a lua minguante:
“A lua tem uma influência muito grande em nosso cotidiano, mas esse conhecimento caiu no esquecimento. Não faço ou inicio qualquer negócio na lua minguante, pois a energia não é boa. O mais indicado é começar qualquer projeto na lua crescente.”
Já o militar Luciano Rokenbach e sua mulher fizeram pesquisas, antes de comprar o primeiro apartamento, para saber qual era a influência dos números na moradia.
“Encontramos um imóvel de número 708, cuja soma (7+8) dá 15. Somando novamente (1+5) temos 6, um excelente número para quem gosta da vida em família, ideal para quem está começando uma vida a dois, como nós”, conta Rokenbach.
Especializada em imóveis de alto luxo, a diretora da Central Imóvel, Bianca Carvalho, recorda alguns casos que deixaram surpresos os corretores. Um deles foi o de um cliente que estava em busca de um imóvel no Leblon.
“Encontramos um apartamento que atendia a todas as suas necessidades, mas ao ser informado de que o imóvel ficava na Rua Cupertino Durão, ele não quis nem ver. Alegou que, como o nome da rua remetia à dureza e pobreza, seria um mau presságio”, conta Bianca.
Ainda segundo Bianca, um outro cliente, empresário bem-sucedido, desistiu de comprar um imóvel de cifras milionárias porque seu guru espiritual o desaconselhou a morar num prédio cuja fachada, de pedra, era da cor marrom:
“O argumento foi que pedra de tal cor absorve e retém energias negativas.”
Uma crença popular, por sua vez, dá conta que São Pedro, padroeiro dos pescadores, seria ainda uma espécie de “porteiro divino”. Guardaria não só as chaves do céu, como abriria as portas para quem, aqui embaixo, sonha com a casa própria ou pede harmonia para o lar. Sendo assim, costuma ser reverenciado, todo dia 29 de junho, por gente como a aposentada Ana Maria Gonçalves, que deixou uma chave de cera na imagem do santo, em agradecimento. É que, há dois anos, ela tentava comprar uma casa, mas a documentação estava muito enrolada:
“No dia de São de Pedro, consegui assinar o contrato e receber as chaves.”
E até mesmo quem já teve a oportunidade de morar no exterior, como o estudante Rafael Carvalho, se deparou com superstições levadas bem a rio. Na China, conta ele, o número quatro não é bem-vindo. O motivo está na pronúncia da palavra, que soa semelhante ao da palavra morte. Por via das dúvidas, os apartamentos que ficam no quarto andar costumam ser mais baratos. Ainda assim é difícil encontrar compradores:
“Alguns prédios sequer têm o andar, incluindo o 14º, o 24º…”
FILOSOFIA CHINESA E ATÉ O MOTIVO DA VENDA PESAM NA ESCOLHA DO IMÓVEL - Há quem fuja até de imóveis que são postos à venda por viúvas ou casais à beira da separação. É gente que teme que o marido da proprietária tenha morrido na casa ou que o imóvel venha sendo usado como arena. Dono da Fonte Imobiliária, no mercado há 20 anos, Sidney Matos conta que é muito comum encontrar jovens recém-casados que, antes de comprar um imóvel usado, pedem informações específicas sobre os proprietários:
“Se eles descobrirem que os moradores atuais estão vendendo o imóvel porque estão se separando, eles não compram de jeito nenhum. Em geral, acham que o astral ruim pode influenciar.”
No entanto, a história mais curiosa vivida por Matos aconteceu em 2002, durante a negociação de um imóvel de luxo, em São Conrado, cujo valor beirava os US$3 milhões.
“Na ocasião, a esposa de um senador, já falecido, ficou apaixonada pelo imóvel. No dia marcado para o recebimento do sinal, a proprietária desejou sorte aos futuros moradores e comentou que tinha sido muito feliz ali. Tão feliz que, quando o marido morreu, dormindo, ela o deixou na cama por três dias porque não tinha coragem de retirá-lo do apartamento. O negócio foi desfeito na hora e fiquei sem a comissão com a qual já estava sonhando há dias.”
Diretora da Central Imóvel, Bianca Carvalho lembra de um cliente que só acertou a compra de um imóvel após constatar que a planta – incluindo as posições de janelas e portas – estava 100% de acordo com os preceitos do feng shui.
Esse não foi o caso da empresária Sonia Acatauassu ao comprar um imóvel herdado pelo irmão. Na ocasião, ela não se preocupou em “avaliar” a planta do apartamento, mas assim que se mudou, conta que percebeu algo estranho:
“O apartamento tinha uma energia pesada, as visitas sequer conseguiam ficar muito tempo nele. A reviravolta aconteceu depois que todo o imóvel foi redecorado segundo o feng shui”, conta.
Para a arquiteta Emmília Cardoso, especialista em feng shui, não há motivos para desistir da compra de um imóvel caso a planta não esteja de acordo com a filosofia.
“Existem recursos para todos os “problemas” da construção. Na hora da compra, o melhor é avaliar aspectos como a localização e a estrutura”, aconselha Emília.

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